*Por Ricardo de Bolle
O conceito de que na crise surgem as oportunidades, infelizmente, não é uma realidade para todos os setores. Porém, nesse cenário econômico desalentador para o Brasil, tenho certeza que a terceirização de serviços tem seu espaço garantido.
A crise “beneficia” a terceirização, porque, no momento de incertezas e de “apertar o cinto”, os gestores passam a olhar com mais critério para os custos que podem ser cortados, os serviços essenciais e os que podem ser repensados ou os recursos que podem ser otimizados.
No setor onde atuo, de gestão de frotas corporativas, a terceirização fica mais evidente na crise, porque, ao se desfazer dos carros e contratar uma empresa que forneça os veículos e toda a inteligência envolvida na gestão, o gestor tem um ganho duplo. Primeiro, porque os veículos têm liquidez no mercado e, com a venda, rapidamente, a empresa se capitaliza. Segundo, porque a empresa mantém sua frota, mas a um custo menor. Ou seja, o gestor se desfaz de um ativo, gera dinheiro rapidamente para o caixa da empresa e continua prestando seus serviços ou oferecendo os carros para a sua equipe.
A redução de custos para a empresa acontece porque a gestão de frotas corporativas envolve vários aspectos e inclui os custos indiretos, como manutenção, depreciação do bem e impostos, que, nem sempre, são visíveis aos olhos do executivo. Isso é ainda mais evidente no Brasil, onde os carros ainda são vistos como um patrimônio da empresa. A cultura corporativa ainda não enxergou que o carro é uma despesa que se desvaloriza mês a mês. Só para ter uma ideia, de um total de quase 5 milhões de carros licenciados em nome de pessoa jurídica, no Brasil, somente 300 mil pertencem a empresas especializadas em frotas corporativas. Isso representa menos de 10% dos veículos em circulação nos centros urbanos e rodovias brasileiras, e demonstra como a cultura patrimonialista ainda é arraigada. Entretanto, assim como a crise pode representar oportunidade e como tudo tem dois lados, para o nosso segmento, essa realidade apenas mostra o potencial de mercado a ser conquistado.
No entanto, voltando aos custos de manter um carro corporativo, a essa altura, deve estar se perguntando como a terceirização de frota contribui para a redução de custos. Um dos motivos é porque as empresas especializadas em gestão de frotas têm ganhos em escala, na compra de grandes volumes das montadoras, porque a negociação é direta. A redução, nesse caso, pode chegar a 30%. O mesmo ganho em escala se dá com o custo das peças e os serviços das oficinas. Nesse caso, vai além, a manutenção dos veículos é feita por especialistas que só executarão os serviços estritamente necessários, sem trocas de itens supérfluos.
Para quem opta por terceirizar a frota, outra vantagem é a redução do Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), que, em São Paulo, fica em 2% sobre o valor do bem para os frotistas. Adicionalmente, o carro pode ser oferecido como benefício aos funcionários e é percebido como salário indireto.
Então, se sua empresa possui uma frota, por menor que seja, reveja essa prática e faça os cálculos. Essa é uma oportunidade de repensar custos, nesse momento de crise, mas se mostrará muito vantajosa, mesmo depois que o Brasil superar os desafios desse período.
*Ricardo de Bolle é diretor Comercial da Arval Brasil.