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Logística em tempo real: uma tendência que pode ganhar tração no Brasil

Publicado em 27/11/2023

Mesmo com todo esse potencial e avanço recente, ainda existe um gap importante no Brasil em relação a uma implementação efetiva dos modelos de logística em tempo real

Por Redação


É possível entender a logística em tempo real como um esforço integrado (Foto: Freepik)

Ao analisarmos as perspectivas e temáticas mais debatidas no mercado contemporâneo de Supply Chain, a logística em tempo real assume um protagonismo relevante e, inclusive, se coloca como um dos pilares da chamada logística 4.0 – conjunto de novos paradigmas que, aos poucos, traz inovações importantes para as estruturas operacionais de transportadoras e de outra série de agentes do setor de distribuição.

Em um primeiro momento, é válido explorarmos o conceito de logística em tempo real (ou real-time logistics), na definição anglófona também muito utilizada no mercado. Ao menos desde a década passada, estudos e pesquisas especializadas discutiam a possibilidade de sistemas logísticos em tempo real cujas bases até hoje envolvem, por exemplo:

  • Fluxos mais curtos de distribuição e cargas menores nos caminhões/veículos;
  • Integração de sistemas de monitoramento e geração de dados em tempo real sobre cada etapa das entregas;
  • Centros de distribuição mais enxutos;
  • Maior controle sobre a jornada de motoristas;
  • Digitalização da cadeia logística.

Nesse sentido, é possível entender a logística em tempo real como um esforço integrado – do ponto de vista operacional, estratégico e tecnológico – para um acompanhamento contínuo do fluxo de entregas, por meio tanto de soluções de monitoramento, quanto do planejamento de rotas, organização otimizada de cargas e da implementação de novos modelos de gestão de armazéns/estoques (como o estoque zero, no qual o produto só é reposto após uma venda ou o "ship from store", que utiliza o estoque de lojas mais próximas de uma rede).

Considerando todas essas questões, do ponto de vista tecnológico, a logística em tempo real tem impulsionado um avanço significativo dos investimentos na transformação digital das operações de distribuição. De acordo com dados da Allied Market Research, no ano passado, quase US$ 25 bilhões foram investidos em sistemas de logística digital e a perspectiva é que esse mercado alcance mais de US$ 155 bilhões em investimentos até 2032.

Nessa mesma linha, um estudo da McKinsey com transportadores apontou que 87% deles vem, desde 2020, mantendo ou aumentando os investimentos em logística digital; ao passo que 93% pretende seguir com esse movimento estratégico no decorrer dos próximos 3 anos.

"É possível entender a logística em tempo real como um esforço integrado do ponto de vista operacional, estratégico e tecnológico para um acompanhamento contínuo do fluxo de entregas – por meio tanto de soluções de monitoramento, quanto do planejamento de rotas, organização otimizada de cargas e da implementação de novos modelos de gestão de armazéns e estoques."

O PAPEL DAS SOLUÇÕES DE MONITORAMENTO, RASTREAMENTO E TELEMETRIA

De modo mais específico, a infraestrutura tecnológica da logística em tempo real encontra sustentação em três tendências fundamentais para o novo contexto da cadeia de distribuição global: as soluções de rastreamento, monitoramento e telemetria.

Só o segmento de alimentos, por exemplo, deve investir em ferramentas de rastreabilidade, o equivalente a US$ 21,8 bilhões em todo o mundo até 2025. E essa tendência se justifica quando pensamos que, por meio dessas tecnologias, é possível atuar de modo simultâneo diante do surgimento de um determinado problema em uma rota.

Com isso, é possível reduzir o desperdício de mercadorias, alterar rotas em tempo real para a segurança de motoristas e colher informações sobre o desgaste de veículos.

O campo de monitoramento, por sua vez, permite que os operadores logísticos conheçam – também dentro de uma perspectiva "real-time" – o perfil de direção de seus motoristas, possibilitando que estratégias sejam desenhadas para a prevenção de acidentes, gestão dos processos de segurança, além de permitir uma comunicação síncrona com os condutores.

Finalmente, a telemetria, ao gerar bases de dado em tempo real, abre uma série de caminhos para uma operação logística: do controle e mitigação de riscos de segurança, passando por um melhor entendimento sobre distribuição de cargas em caminhões e controle de estoque; até o desenho de rotas mais eficientes e que reduzem o número de manutenções nos veículos. Não por acaso, um estudo de 2021 da Trimble Transportation Latam, apontou que mais de 69% da frota de veículos brasileira já possui alguma tecnologia de telemetria.

Leonardo Campos, CEO e fundador da Onisys dá mais detalhes sobre o potencial das soluções de telemetria para o avanço da logística em tempo real no Brasil, reforçando ainda seu papel na prevenção de acidentes.

"O papel da telemetria, principalmente olhando para o last mile, caminha em duas diretrizes principais: a primeira é trazer uma maior visibilidade não só para o operador logístico ou transportador de onde está a carga, mas também para o cliente final saber quando vai chegar sua encomenda, ter mais previsibilidade também de horário e prazo. O segundo ponto é a prevenção de acidentes: a telemetria passa a ser fundamental e é um dos primeiros passos para se entender o comportamento de direção do motorista. Nesse sentido, estamos falando de um item básico e indispensável que precisa continuar em evolução em prol de um maior nível de segurança nas estradas", comenta Leonardo.

BENEFÍCIOS E DESAFIOS PARA A LOGÍSTICA EM TEMPO REAL NO BRASIL

Mesmo com todo esse potencial e avanço recente, ainda existe um gap importante no Brasil em relação a uma implementação efetiva dos modelos de logística em tempo real. Sobre esse ponto, uma pesquisa da startup Trackage que listou 12 dos principais desafios das empresas na visão dos próprios operadores, apresentou obstáculos que incluem:

  • Falta de visibilidade em tempo real;
  • Dificuldade na previsibilidade da demanda;
  • Falta de centralização das informações;
  • Processos manuais;
  • Falta de gestão digitalizada.

Ou seja: são pontos que vão em sentido diametralmente opostos a uma visão real-time da logística. E o fato é que ferramentas, das mais diversas, já existem no mercado brasileiro e oferecem sustentação para esse modelo – só no ano passado, por exemplo, a 100 Open Startups identificou mais de 500 logtechs (negócios digitais com atuação focada na logística) no país.

Para superar esse cenário, dois esforços parecem válidos: o primeiro parte dos agentes e liderança logísticas, no sentido de priorizar, de fato, a transformação digital de suas operações – seguindo uma tendência que, como vimos, é global. E o segundo cabe às empresas de tecnologia: no sentido de traduzir a importância da inovação para a competitividade do país, segurança dos motoristas e redução de custos operacionais.

Esse caminho já começa a ser traçado, mas podemos avançar muito mais – e com o pé no acelerador.

ESTRADAS DO FUTURO

Enfrentar o desafio dos acidentes em estradas e rodovias do Brasil não é uma questão simples e, ao mesmo tempo, trata-se de uma demanda que pede urgência. De acordo com dados da CNT (Confederação Nacional de Trânsito), só em 2022, mais de 64 mil acidentes foram registrados no país — desses, 82,1% deixou vítimas, incluindo mortos e feridos. Em termos gerais, o Brasil ocupa a preocupante posição de 3º país com o maior número de mortes no trânsito, conforme relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde). 

Para contribuir com a transformação desse cenário, a MundoLogística lançou a campanha “Estradas do Futuro”, uma iniciativa que conta com patrocínio da nstech, apoio da Onisys, da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL) e da Associação Brasileira de Logística (Abralog). Por meio da campanha, o intuito é unir os diferentes atores da cadeia logística nacional, difundindo conteúdos educacionais que tragam tanto visibilidade para a pauta da segurança no transporte rodoviário, quanto práticas e divulgação de soluções que possam colaborar com a capacitação e proteção de motoristas.

 

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