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Aliança comemora 20 anos do renascimento da Cabotagem

Publicado em 04/10/2019

Atualmente, a Aliança conta com 13 navios, oferecendo cinco serviços semanais em rotas interligadas, e espera crescer pelo menos 12% em 2019

 

Há 20 anos, a Aliança Navegação e Logística, então recém-adquirida pelo grupo alemão Hamburg Süd, retomava o serviço regular de cabotagem, que tinha sido abandonado gradativamente após a década de 1950, quando o foco do governo passou a ser o transporte rodoviário. Após o Plano Real e a privatização dos portos, a empresa vislumbrou que era o momento de apostar no mercado e investir no serviço entre os portos do Brasil.

O início foi tímido, com apenas um navio de 600 TEUs entre Rio Grande (RS), Santos (SP) e Manaus (AM). Aos poucos, chegaram embarcações com maior capacidade para atender a uma demanda crescente do mercado, que passou a confiar no potencial e na eficiência do transporte multimodal, especialmente na combinação do transporte marítimo com o ferroviário e rodoviário.

Atualmente, a Aliança conta com 13 navios no sistema Cabotagem e Mercosul, oferecendo cinco serviços semanais em rotas interligadas, conectando todos os principais portos entre Ushuaia, na Argentina, e Manaus (AM).

Ao longo desses 20 anos, a companhia transportou mais de 6 milhões de TEUs. Foram 2,4 milhões de contêineres entregues na porta do cliente e mais de 13 milhões de milhas navegadas, o equivalente a 517 voltas ao mundo, com 11 milhões de toneladas de CO2 a menos na atmosfera. Este volume representa 4 milhões de viagens de caminhão de longa distância a menos nas estradas brasileiras, segundo o CEO da Aliança, Julian Thomas.

Desde 2008, o modal vem crescendo a uma média de 10% ao ano. Em 2018, a Aliança rompeu a marca de 700 mil TEUs embarcados na cabotagem. Neste ano, a expectativa é que a empresa cresça pelo menos 12%. “Recentemente, adicionamos Vila do Conde (PA) à nossa rede de serviços para atender ao mercado promissor de Belém, grande produtor de açaí e cacau. Também estamos testando o porto de Itaqui como porta de entrada para o Maranhão”, destaca Thomas.

 

Mudanças regulatórias

Com um conjunto de medidas para estimular a cabotagem e a indústria naval brasileira, o programa “BR do Mar” prevê mudanças no sistema de afretamento de embarcações entre outras medidas que visam à diminuição de custos operacionais. O plano do governo é editar uma Medida Provisória (MP) que flexibilize as regras com o objetivo de aumentar a quantidade de navios operando na Cabotagem. “Embora a intenção seja positiva, é preciso frisar que o problema do serviço de cabotagem não está na falta de capacidade, mas no Custo Brasil. O custo da tripulação brasileira é sensivelmente maior do que o a estrangeira, em função dos encargos trabalhistas”, afirma o CEO da Aliança.

No transporte de um contêiner porta a porta, 59% do valor do frete são gastos no transporte terrestre para fazer as pontas (do cliente ao porto e vice-versa); 11% vão para os terminais portuários; 8% são referentes ao PIS/Cofins, restando 22% para arcar com os custos do navio e do contêiner.

Marcus Voloch, diretor executivo da companhia, vê como positiva a proposta de desonerar o combustível (bunker). “O preço do nosso combustível tem variação diária, de acordo com o mercado internacional e dólar do dia. Sobre esse valor, aplicam-se ainda impostos, o que não é o caso para os navios de longo curso, isentos da cobrança de ICMS. Para a cabotagem continuar a crescer é preciso ter custos mais competitivos”, ressalta.

A Aliança acredita que o crescimento do modal depende da redução da burocracia no setor. “Vivemos o excesso de ‘burrocracia’. Procedimentos, tais como o tratamento do canhoto com fluxo complexo de documentos físicos, não são mais adequados ao mundo digital. Da mesma forma, é surreal que a nota fiscal eletrônica precise ser impressa em papel, assim como diversos outros documentos eletrônicos, que obrigatoriamente precisam transitar com a mercadoria, em papel. Esperamos que as medidas a serem anunciadas pelo governo consigam simplificar os processos e reduzir, de fato, o custo do combustível, que na cabotagem é mais oneroso em função da alta carga tributária”, reforça Julian Thomas.


Digitalização

O aumento de eficiência, produtividade e transparência passa pela onda de digitalização que as empresas estão vivenciando em vários setores. Embora tenha chegado um pouco mais atrasada à cadeia logística, a transformação digital veio com força para favorecer as relações entre as empresas e seus clientes.  

Em 2018, a Aliança lançou o Portal Cabotagem 2.0, com objetivo de tornar mais simples e intuitivo o acesso às informações sobre embarques, cotações, agendamentos e rastreamento, dando acesso, inclusive, à impressão da documentação e faturas fiscais. “Em breve, poderão ver ‘in real time’ a localização de cada contêiner com sua carga, seja no navio ou no caminhão. Trata-se do início de uma viagem longa, que percorremos na era digital. Nos anima fazer parte do Grupo Maersk, que investe pesadamente nas ferramentas do futuro”, complementa o CEO da Aliança.