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Covid-19: em nota, Centronave se posiciona sobre impacto dos lockdowns realizados na China

Publicado em 20/04/2022

Instituição destaca o bloqueio nas rodovias e a testagem em massa – incluindo caminhoneiros – como fatores que atrasam o transporte e geram acúmulo de mercadorias, inclusive em portos

Por Redação


Foto: Shutterstock

O Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave) divulgou nesta terça-feira (19) seu posicionamento em relação aos lockdowns que estão ocorrendo na China para barrar o avanço da Covid-19. Em nota, a instituição destacou os bloqueios nas rodovias e a testagem em massa – incluindo motoristas de caminhão – como fatores que atrasam o transporte e o acúmulo de mercadorias em depots e instalações de armazenagem, inclusive nos portos.

De acordo com o Centronave, ainda é cedo para prever quando ocorrerá a normalização da cadeia logística na China.

“Há diversos fatores a serem considerados, principalmente a duração desse surto da variante ômicron e das medidas governamentais que serão tomadas, sendo certo que as autoridades estão atuando da melhor forma possível e por elas entendidas como as mais adequadas em cada caso, levando em consideração todo o contexto sanitário, operacional, logístico e industrial”, declara.

Leia abaixo a nota na íntegra:

POSICIONAMENTO

O CENTRONAVE - Centro Nacional de Navegação Transatlântica – informa, no que diz respeito aos lockdowns que vêm ocorrendo na China, especialmente em Xangai, que o maior impacto logístico observado até o momento tem sido na logística terrestre interna do país, no modal rodoviário. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as autoridades chinesas estão enfrentando o maior surto de Covid-19 desde o início da pandemia, com uma variante híbrida de duas cepas da ômicron. Diante desse novo recorde de infecções, as autoridades de Xangai – onde se localizam os mais importantes terminais de contêineres do mundo – adotaram uma série de medidas rigorosas para controlar o contágio, causando interrupções significativas nas atividades locais de fabricação e transporte, o que inevitavelmente adiciona uma pressão extra no sistema logístico terrestre interno do país.

Segundo avaliações divulgadas recentemente, cerca de 200 milhões de pessoas e mais de 20 cidades chinesas estariam sob lockdown total ou parcial, com suas entradas e saídas rodoviárias bloqueadas total ou parcialmente. Com isso, o transporte terrestre interno do país foi bastante afetado e a cadeia interna de suprimentos está sob grande pressão. O índice Caixin China General Manufacturing PMI, que mede o desempenho geral da produção do país, teve queda em março de 2022, com as taxas mais baixas vistas desde fevereiro de 2020. Outro fator a ser considerado é que a rigorosa testagem realizada na população e nos trabalhadores, incluindo os motoristas de caminhão, fazem com que as mercadorias se acumulem nos depots e instalações de armazenagem, inclusive nos portos. Esses são os principais fatores que estão resultando em um gargalo logístico interno e começando a gerar atrasos no transporte marítimo, devido ao acúmulo de bens e mercadorias parados. Uma pesquisa publicada em 1º de abril pela Câmara de Comércio Americana com a participação de 167 empresas associadas — 120 das quais mantêm operações em Xangai — mostrou que 57% dos entrevistados sofreram interrupções em suas cadeias de suprimentos.

Na semana passada, uma das principais empresas de transporte marítimo internacional avisou a seus clientes que as medidas de bloqueio poderiam restringir os serviços de transporte em até 30 %. Diante desse cenário, algumas montadoras localizadas em Xangai e empresas portuárias anunciaram que estão começando a utilizar o “modelo de trabalho em ciclo fechado”, em que os trabalhadores dormem no local de trabalho para evitar o risco de infecções externas.

Ainda é prematuro prever quando ocorrerá a normalização da cadeia logística na China. Há diversos fatores a serem considerados, principalmente a duração desse surto da variante ômicron e das medidas governamentais que serão tomadas, sendo certo que as autoridades estão atuando da melhor forma possível e por elas entendidas como as mais adequadas em cada caso, levando em consideração todo o contexto sanitário, operacional, logístico e industrial.

Outra preocupação a ser considerada, no futuro, será a possível sobrecarga de volumes acumulados de contêineres e o possível congestionamento na armazenagem de mercadorias assim que os lockdowns forem sendo encerrados e as restrições removidas.