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Governo quer implementar redução de frota de caminhões de carga

Publicado em 17/03/2015

Com caminhões demais e mercadoria de menos, o governo começa a implementar, este ano, uma política para diminuir a quantidade de veículos autorizados a fazer transporte de carga no País. Todos os veículos registrados na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para fazer frete serão recadastrados e ganharão chip e adesivo para que possam ser fiscalizados automaticamente, em uma rede com cerca de 200 pontos de vistoria no País.

A partir de maio, os primeiros novos pontos de fiscalização estarão em teste no Rio Grande do Sul. Em junho, os primeiros caminhões devem ganhar o novo equipamento. “Nossa intenção é tirar do sistema aquele que está cometendo irregularidades”, afirma o diretor-geral da ANTT, Jorge Bastos.

Um enxugamento com o aperto da fiscalização no transporte rodoviário de carga, que inflou nos últimos anos, pela facilidade para a compra de caminhões novos e a queda na atividade econômica, é visto como ideal para reequilibrar o sistema. Há, no entanto, pressão de caminhoneiros e empresas para que a solução para a queda no preço dos fretes seja a maior regulação. Entre as propostas, estão a criação de uma tabela com valor mínimo de frete e vale-diesel.

Após a paralisação dos caminhoneiros, que ocorreu no fim de fevereiro e no início deste mês, grupos de representantes do Governo Federal, empresários e caminhoneiros debatem o tema.

Frota
O País tem 3,2 milhões de caminhões, dos quais quase metade está apta a fazer frete (pegar carga de outra empresa e levá-la ao destino) e a outra metade pode operar apenas para a própria empresa, sem registro da ANTT. Nos últimos cinco anos, incentivos diversos de juros subsidiados a diesel barato fizeram com que a frota aumentasse 24%. Os caminhões novos entraram sem que os velhos saíssem, sobretudo quando os preços do frete subiam artificialmente, como quando o preço dos grãos explodiu.

A estimativa do economista Ricardo Gallo, da consultoria KonSCIO, é que o País tenha, hoje, um excedente de 300 mil caminhões. O descasamento entre a oferta e a demanda achata o valor do frete e pesa, principalmente, sobre caminhoneiros autônomos (45% dos fretistas), que, para negociar, dependem de agenciadores, empresas que se responsabilizam pela documentação do transporte e chegam a ficar com 40% do valor do frete.

Outro problema é que, sem fiscalização, menos de 15% dos fretes têm o registro necessário na ANTT, para garantir que o caminhoneiro receba, além do valor do transporte, verbas como pedágio. Segundo dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o programa Procaminhoneiro, que recebia subsídios do Tesouro, financiou quase 70 mil veículos com R$ 11,7 bilhões desde 2007.

Fonte: Folha de S. Paulo