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Grandes empresas discutem o papel do Supply Chain Omnicanal no varejo

Publicado em 15/03/2016

Varejistas que praticam a multicanalidade agora avançam para o Ominicanal

Com os avanços do comércio e da tecnologia que levam os consumidores a adquirirem produtos não mais apenas por lojas físicas, mas também por diferentes canais, como o e-commerce, mobile commerce, televendas e social commerce, o varejo se vê impulsionado a buscar o aperfeiçoamento das operações por meio do Supply Chain Omnicanal.

A temática, que é uma novidade no Brasil, já bastante difundida nos Estados Unidos e iniciada na Europa, leva os varejistas que praticam a multicanalidade a trocarem informações e buscarem atualizações sobre como o Supply Chain Omnicanal se organiza no Brasil. Tal assunto reuniu, no dia 9 de março, em São Paulo, 50 profissionais, 25 empresas e especialistas no assunto, como Aurélien Jacomy da Diagma Brasil; Robledo Castro, IT Manager na DPaschoal; Marcos Lima, diretor de Supply Chain da Leroy Merlin Brasil, e Christophe Minarelli, gerente de Projetos da Cnova, responsável pela transformação Omnicanal.

Segundo o francês Olivier Dubouis, sócio da Diagma e especialista em Supply Chain no Varejo e Moda, que veio ao Brasil especialmente para palestrar no evento, o meio ambiente do varejo conhece diversas revoluções, que levam as empresas a implementarem estruturas omnicanais, e suas aplicações práticas  causam grandes impactos estruturais. “Trata-se de uma implantação urgente, pois traz fluidez e visibilidade global às marcas. Porém, para a implantação e execução nas empresas brasileiras, é necessário vencer barreiras de processo e de cultura.”

Entre os exemplos citados por Dubouis, como bons na implantação do Omnicanal na França, estão a Decathlon, de artigos esportivos; a FNAC, cultura e material eletrônico; e Nespresso, café e máquinas. Para ele, antes de unificar canais, é necessário um e-commerce maduro e um planejamento especializado, que dê à inovação uma infraestrutura adequada de sistema, logística e processos integrados.

O consumidor não diferencia uma loja física de um e-commerce.  Dubouis destaca que ambos os canais representam uma mesma marca. Mais exigente, esse comprador quer ser bem atendido e ter a conveniência de comprar na loja virtual e trocar ou retirar em qualquer loja física da mesma empresa. Para atender bem a esse cliente, surge a necessidade de um processo logístico integrado e é nesse ponto que o Omnicanal ganha força.

A transformação do Omnicanal necessita de uma reeestruturação sobre nove frentes ligadas à Supply Chain, que são a gestão dos estoques, organizações dos centros de distribuição (CDs), área fiscal, malha de distribuição, organização das lojas, transporte, sistemas de informação, organização das equipes e pricing (definição dos preços).

Aurélien Jacomy, da Diagma Brasil, explica que a grande dificuldade está em adequar à cadeia de abastecimento para permitir ao cliente escolher por qual canal comprar e por onde receberá o produto.  Outra dificuldade é a diferenciação de preços do canal online para o físico, que pode ser justificado por uma promoção ou, simplesmente, ser nivelado, evitando distinções.

Christophe Minarelli, gerente de Projetos da Cnova, responsável pela transformação Omnicanal em grandes marcas de varejo no Brasil, como Extra, Ponto Frio e Casas Bahia, já está implantando, conforme o perfil de cada um dos grandes varejos, a organização da empresa para a entrega em pontos de venda. “Se o cliente compra online, ele pode retirar em uma loja próxima de casa, pois, infelizmente, há locais no Brasil onde se torna perigoso e, até mesmo, dificultoso uma entrega, não garantindo ao comprador o recebimento do produto em tempo hábil.” Além disso, ele afirma que a pessoa que retira no local pode optar em fazer mais compras, o que é vantajoso para o varejo.

O IT manager na Dpaschoal, Robledo Castro, relatou que a marca unificou a proposta de valor dos diferentes canais de vendas e a compra online com retirada no local, o que é vantajoso. “Ao retirar pneus, o cliente ficará satisfeito em poder também usufruir dos serviços da empresa. relacionados ao produto.

O diretor de Supply Chain da Leroy Merlin Brasil, Marcos Lima, ressaltou que, ao implantar o Omnicanal, a marca organizou os centros e as malhas de distribuição. A empresa também atua com e-commerce há um pouco mais de um ano e televenda e, por isso, já trabalha com entrega a domicílio e retirada nas lojas físicas. “A maioria das lojas trabalha em um raio de apenas 100 km, o que facilita a distribuição. São Paulo tem três CDs e o Rio de Janeiro tem um. Já Fortaleza tem um CD regional dentro da loja, devido à distância.”

Todos os participantes do evento foram unânimes em constatar que a implantação do Supply Chain Omnicanal é um desafio trabalhoso, que exige uma eficiência de gestão de produtos e uma ação sistêmica do negócio, porém, é uma estratégia certeira na evolução e produção do varejo.